Sequelas graves e mortes evitáveis acendem alerta sobre urgência da prevenção
Redação Mais – A imprudência no trânsito continua a provocar tragédias evitáveis em toda a Bahia. No contexto da campanha Maio Amarelo 2025, cujo tema é “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”, os números reforçam a urgência de repensar o comportamento nas ruas e estradas. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), 6.160 pessoas morreram e 84.526 ficaram feridas em meio a 73.156 sinistros de trânsito registrados entre janeiro e dezembro de 2024 nas estradas federais do Brasil. Na Bahia, 614 dessas mortes ocorreram em rodovias federais, colocando o estado entre os que mais concentram vítimas fatais no país.
Nos hospitais baianos, os reflexos dessa realidade são visíveis. O Hospital Mater Dei Emec (HMDE), em Feira de Santana, referência no atendimento a traumas graves, recebe diariamente vítimas de colisões, muitas envolvendo motociclistas. De acordo com Nivaldo Cardozo, coordenador do setor de Ortopedia e Traumatologia do HMDE e do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS), os casos mais frequentes são fraturas expostas, lesões na coluna e traumas cranianos.
“Muitas dessas vítimas são jovens, em idade produtiva, que passam a viver com limitações severas. Mesmo quando não há perda de vida, há uma ruptura com a rotina, com o trabalho, com a independência. A morte é a consequência mais trágica, mas as sequelas também destroem vidas”, afirma o médico.
Segundo o Ministério da Saúde, os acidentes de trânsito geram um impacto anual estimado em R$50 bilhões no Brasil. O montante engloba desde custos com atendimento hospitalar até previdência social e perdas na capacidade de trabalho. A Associação Brasileira de Psicologia do Trânsito aponta ainda que cerca de 40% das vítimas sobreviventes desenvolvem transtornos como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático.
A fiscalização também tem revelado um cenário preocupante. Somente em 2024, a PRF emitiu 233.100 autuações por excesso de velocidade nas rodovias federais da Bahia. No mesmo período, 3.855 sinistros em todo o Brasil foram associados ao consumo de álcool, resultando em 194 mortes e mais de 3.100 feridos. “O álcool continua sendo um fator crítico. Reduz reflexos, compromete o julgamento e agrava o impacto dos acidentes. Ainda assim, vemos motoristas que ignoram esses riscos diariamente”, destaca Cardozo.
Com o lema “Desacelere, seu bem maior é a vida!”, a PRF se alinha à proposta do Maio Amarelo 2025 de estimular uma mobilidade mais humana e responsável. A campanha reforça que todos, sejam pedestres, ciclistas ou condutores, compartilham o mesmo espaço e as mesmas responsabilidades. “É preciso entender que segurança no trânsito não se resume a regras ou multas. É uma questão de respeito à vida do outro. Cada decisão consciente — usar cinto, capacete, evitar o celular, respeitar a sinalização — pode salvar vidas”, conclui Nivaldo Cardozo.
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